O livro Mauá: Empresário do Império é uma biografia escrita por Jorge Caldeira que narra a vida e trajetória de Irineu Evangelista de Sousa, mais conhecido como Visconde de Mauá. Publicado em 1995, o livro oferece uma visão detalhada da vida e das conquistas desta importante figura histórica brasileira do século XIX.
O livro descreve como Mauá, nascido em 1813, iniciou sua carreira como modesto comerciante no Rio de Janeiro e, ao longo de sua vida, tornou-se um dos empresários mais influentes e visionários do Império Brasileiro. Mauá desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento econômico do Brasil durante o período imperial, promovendo a industrialização, modernizando as ferrovias e expandindo as atividades econômicas do país.
Jorge Caldeira explora as contribuições de Mauá para o desenvolvimento da infraestrutura econômica do Brasil, destacando suas iniciativas inovadoras na construção de ferrovias e na criação de empresas que desempenharam um papel crucial na expansão da economia brasileira. Além disso, o livro também examina as complexidades da vida pessoal e política de Mauá, incluindo suas relações com o governo imperial e seu envolvimento nas questões sociais e políticas da época.
Para começar por dar mais detalhes sobre o livro de Jorge Caldeira, não poderia deixar de mencionar a capa – uma capa aparentemente simples que transmite uma sensação de suspense ao leitor com a cor predominante sendo o preto e uma imagem de Mauá contrastando com esta cor.
O livro é rico em numerosos detalhes e é evidente que foi realizada uma pesquisa completa. Podemos encontrar no livro excelentes imagens que servem de ilustração para a história contada e potencializam a imersão. O índice é altamente detalhado e a tipografia tem um tamanho excelente.
No início do livro, há foco na infância de Mauá em meio a um período de transição histórica no Brasil com sua família. Mauá teve uma infância muito simples e triste; ele vivia isolado em uma fazenda de gado e perdeu tragicamente o pai muito jovem.
Devido à recusa do padrasto, Mauá foi para o Rio de Janeiro trabalhar no comércio em seu primeiro emprego como balconista em um armazém. Esta parte do livro retrata a ascensão de Mauá em sua carreira, de escriturário em cargos de menor prestígio a cargos de alto escalão.
No livro, o autor se aprofunda em como viviam a sociedade e seu povo naquela época e como Mauá foi influenciado por suas leituras, como a de Adam Smith, Visconde de Cairu, e seu preferido, David Ricardo. Através do estudo diligente dos negócios e das discussões com seus empregadores, Mauá dominou os segredos do caminho que trilhava.
Um episódio que manchou a imagem de Mauá foi quando, sendo gaúcho e tendo família lá, recebeu visitas de revolucionários em sua casa, o que foi noticiado pela imprensa. Em seguida, foi para a Inglaterra após a coroação de Pedro II para apaziguar a situação e ser “esquecido”. Não apenas para “limpar o nome”, Mauá foi à Inglaterra observar o progresso industrial e o avanço econômico do país, para poder retornar ao Brasil com novos conhecimentos empresariais.
Na leitura podemos observar como Mauá foi um homem à frente de seu tempo; ele apoiava as mulheres de sua casa e nunca as tratava com desdém. Sua esposa podia viajar e circular livremente pela cidade e Mauá nunca a maltratou. Sua preocupação era com o futuro. O autor fornece uma introdução a todos os empreendimentos de Mauá, incluindo o Banco Mauá, que era o principal banco do Uruguai na época, as ferrovias no Brasil e outros empreendimentos em vários países. Mauá controlava 8 das 10 maiores empresas brasileiras da época.
Jorge Caldeira consegue criar uma narração dramática em determinados momentos que não exigem nenhum esforço da imaginação do leitor para visualizar os acontecimentos, como exemplo a chegada de Mauá ao Rio ainda criança. Além disso, o autor sempre conclui os capítulos com um ar de suspense, garantindo que o leitor continue lendo sem perder a narrativa, o que é uma boa técnica, mas às vezes pode ser um pouco excessiva.
Algo frequentemente escrito em “Mauá: Empresário do Império” são críticas positivas e negativas aos personagens do período histórico em que a obra se passa. O autor tenta criar intriga entre Mauá e Pedro II, o que considero bastante injusto. É difícil imaginar que o imperador fosse contra alguém que estava trazendo progresso ao país. Na verdade, Pedro II conferiu a Irineu os títulos de Barão e Visconde de Mauá, e o imperador apoiou novas invenções do Brasil e do mundo. Acredito que este seja o maior equívoco do autor.
O livro conta muito sobre os governos de cada período do Império do Brasil, desde aqueles que contribuíram de forma mais benéfica para o progresso do país até aqueles que mais atrapalharam do que ajudaram. De acordo com o livro, fica bastante claro que Mauá enfrentou desafios de todos os lados, seja no Brasil com o governo ou por erros de parceiros de negócios e países estrangeiros com seus empreendimentos.
O livro “Mauá: Empresário do Império” oferece uma visão abrangente da vida e das conquistas de Irineu Evangelista de Sousa, mostrando como ele desempenhou um papel fundamental na modernização econômica do Brasil durante o século XIX e se tornou uma figura icônica do empreendedorismo e desenvolvimento industrial do país. O livro também lança luz sobre o contexto histórico e político da época, oferecendo uma compreensão mais profunda do Brasil imperial.
Referência: CALDEIRA, Jorge. Mauá: Empresário do Império. Brasil: Companhia das Letras, 1995.
Matheus Araújo
Matheus é empreendedor na Araujo Media, onde atua como CEO e Diretor de Criação. Ele compartilha análises em seu blog pessoal "blog.matheusaraujo.me" e atualmente está cursando Publicidade e Propaganda. Além disso, é apaixonado por história, em especial a do Brasil, o que o levou a se tornar fundador e editor do portal Brazilian History.