O último gabinete do Império brasileiro nomeou Floriano Peixoto (1839-1895), ilustre soldado e veterano da Guerra do Paraguai, para o cargo de ajudante-geral do exército. Ele era natural de Alagoas e tinha forte ligação com o Partido Liberal. Assim como Deodoro, ele havia participado bastante da campanha contra López. Ele voltou como tenente-coronel.

Floriano Peixoto e a Queda da Monarquia Brasileira

Esteve ausente tanto do Tribunal como do quartel durante os acontecimentos da “questão militar”. Embarcou para a Corte no último navio de novembro de 1888, mas só se apresentou ao serviço em 31 de janeiro de 1889. Em 10 de junho, foi nomeado para ocupar interinamente o cargo de ajudante-geral e, no mês seguinte, foi promovido ao posto de marechal de campo. Voltando às fileiras depois de uma longa ausência, foi recebido como um filho pródigo. O Visconde de Ouro Preto e o Visconde de Maracaju depositavam em Floriano Peixoto toda a sua confiança. No entanto, o novo marechal de campo já era cético em relação à monarquia. Floriano era secretamente republicano desde 1871 e há muito apoiava o fim do regime monárquico.


Floriano Peixoto escreveu de Alagoas a um de seus amigos, o tenente-coronel João Neiva de Figueiredo: “Vi a resolução da questão de classe, que sem dúvida superou as expectativas de todos. Fato único que prova vivamente a podridão deste pobre país e, portanto, a necessidade de uma ditadura militar para purificá-lo. Como liberal, não posso desejar um governo de espada para o meu país; mas não há quem não reconheça, e aí estão os exemplos, que é aquele que sabe purificar o sangue do corpo social, que, como o nosso, está corrompido”.

Floriano participou ativamente do golpe da República, recusando-se a liderar a resistência imperial contra o golpe de Deodoro da Fonseca, seu amigo de longa data, a quem chamava de “Manuel”. Ele garantiu ao Gabinete de Ouro Preto que não havia suspeitas de uma conspiração golpista no quartel, essencial para o elemento surpresa no dia fatídico.

Floriano Peixoto e a Queda da Monarquia Brasileira
Óscar Pereira da Silva – Retrato do Marechal Floriano Peixoto.

No governo provisório, ascendeu ao mais alto cargo do Exército Brasileiro em 1890 e tornou-se Ministro da Guerra no mesmo ano. Em 15 de novembro de 1889, observando as tropas de Deodoro da Fonseca, o último ministro do Império brasileiro, Visconde de Ouro Preto, disse a Floriano Peixoto: “Você falou muito bem sobre a Guerra do Paraguai. Sei que lá foste valente e manejaste canhões! Faça o mesmo, lidando com os que estão aí…”

Floriano respondeu – “Os canhões do Paraguai eram o inimigo... Esses que Vossa Excelência está vendo são brasileiros. E antes de tudo, sou um soldado da nação. As insígnias em minhas mangas foram conquistadas nos campos de batalha, não por serviços prestados a ministros…”.


Da simples resistência passiva, Floriano passou gradualmente para uma atitude hostil em relação ao ministério. A autoridade de Ouro Preto era meramente nominal. Ninguém obedecia ao velho estadista. Depois de se tornar o “Marechal de Ferro” e Consolidador da República, Floriano Peixoto tentou justificar as acusações de “Traidor da Monarquia”. Apesar de ser uma pessoa de confiança de Ouro Preto, favoreceu a causa dos republicanos, que percebeu que sairia vitoriosa se Deodoro tivesse sucesso em seu golpe. Essa atitude foi explicada por seus conhecidos sentimentos republicanos.

Vale citar um artigo que Salvador de Mendonça escreveu em 1913 no jornal “O Imparcial” do Rio de Janeiro, afirmando que o futuro “Marechal de Ferro” havia sido um dos signatários de um documento secreto redigido em 1871, mostrando adesão ao Partido Republicano. Esse fato seria implicitamente confirmado por Quintino Bocaiúva ao se referir a Floriano, dizendo que “nossa afinidade vem de longe”.

Floriano Peixoto e a Queda da Monarquia Brasileira
Floriano Peixoto em 1881.

Segundo o historiador Heitor Lyra, acusar Floriano de traição por não obrigar as forças do governo a defender o ministério também não parece justificado, pois a mesma acusação poderia ser feita contra os comandantes dessas forças, a começar pelo general Almeida Barreto, que comandava a Mista Brigada, General Barão do Rio Apa, irmão do Ministro da Guerra, que comandava a 1ª Brigada, e ao fundo, os comandantes dos corpos auxiliares – Polícia e Bombeiros da Corte, Marinha, Polícia da Província do Rio (uma força considerada leal ao irmão de Ouro Preto, presidente daquela Província), enfim, “todos os fardados e do lado da República”, como disse um deles, o então major e depois deputado Oliveira Valadão (incluindo ele próprio), , “pois haviam jurado defender o regime monárquico adotado na Constituição do Império”.

A presidência de Floriano foi marcada por inúmeros conflitos internos no Brasil, como a Revolução Federalista e a Revolta Naval. Durante sua presidência, seus partidários criaram um movimento político de orientação positivista chamado “Florianismo”, onde Floriano defendia seu governo como se a sobrevivência da República dependesse exclusivamente dele. Ele então lançou uma ditadura de salvação nacional. Seu governo era nacionalista e centralizador na orientação.

Foi o primeiro presidente do Brasil a ter sua imagem associada ao messianismo político. Muitos de seus apoiadores eram membros do movimento jacobino, que expressavam sua admiração pelo presidente nos jornais e nas ruas. Para eles, Floriano era o “Salvador da República”. A dura repressão imposta aos rebeldes fez com que Floriano ficasse conhecido como o “Marechal de Ferro”.



Referência: LYRA, Heitor. História da queda do império. Brasil: Brasiliana, 1964.

Matheus Araújo - Brazilian History
Matheus Araújo
Idealizador e Editor no Brazilian History | Local na rede Internet

Matheus é empreendedor na Araujo Media, onde atua como CEO e Diretor de Criação. Ele compartilha análises em seu blog pessoal "blog.matheusaraujo.me" e atualmente está cursando Publicidade e Propaganda. Além disso, é apaixonado por história, em especial a do Brasil, o que o levou a se tornar fundador e editor do portal Brazilian History.