Hoje é dia de você conhecer a história da marca de miniaturas 100% nacional, o Miniaturas do JP. João Pedro, o homem por trás de toda a genialidade das miniaturas, é formado em História e apaixonado pela Arte. Com esta combinação, iniciou este excelente trabalho há mais de dez anos (profissionalmente, quatro anos). Ah, ele faz tudo na empresa, o que significa que a Miniaturas do JP é mesmo do João Pedro. A empresa pertence a apenas uma pessoa. João Pedro cuida do atendimento ao cliente, da cobrança e de todo o processo de desenvolvimento de uma miniatura.
A marca é especializada em figuras históricas, tanto do mundo quanto do Brasil. Já realizou inúmeras miniaturas, entre elas as de Dom Pedro II, José Bonifácio, Cabo Adão, Voluntário da Pátria, Maria Quitéria, entre outros.
Esta jornada pode ser interpretada por algumas pessoas como um nicho bastante desinteressante, sem potencial para um futuro brilhante. João Pedro teve que enfrentar pessoas com esse tipo de pensamento. Com apenas alguns anos de existência, a marca já conta com muitos clientes satisfeitos, e nós da Brazilian History somos um deles. Compartilhamos esta entrevista com entusiastas da história que buscam conhecer mais sobre a marca que começou após a insatisfação infantil de JP com seus soldadinhos de brinquedo, que infelizmente só vinham em uma única cor.
“Simplesmente não consegui encontrar nada da nossa cultura… E o Brasil é um país tão rico, vasto e, acima de tudo, cheio de história!” – Joao Pedro
Como você começou a se interessar pela criação de miniaturas de figuras históricas?
Sempre gostei de brincar com soldadinhos de plástico; minha coisa nunca foi futebol ou carros, eram soldados, tanques, etc. Porém, eram de cores únicas (azul, verde, bege, etc.), e os coloridos eram de coleções estrangeiras e mais caros. Eu imaginava como seriam esses soldadinhos coloridos, ou até mesmo igual ao filme “A Chave Mágica”, onde eles ganhavam vida e interagiam comigo! À medida que fui crescendo, aos poucos fui juntando dinheiro para comprar materiais e kits de montagem. Há mais de dez anos, montei minha bancada no canto do meu quarto em cima de um tubo de papelão, e aos poucos fui dando vida às figuras, que até então eram de marcas estrangeiras.
Em resumo, quais materiais e técnicas você utiliza para criar suas miniaturas?
Eu os produzo em meu estúdio usando impressão 3D com resina. A pintura é manual 100% com tintas acrílicas. Procuro utilizar, tanto quanto possível, materiais que estejam prontamente disponíveis e de marcas nacionais.
Existem figuras históricas específicas que mais inspiram você a criar miniaturas?
Sou fã e admirador de Alexandre, o Grande. Sua capacidade de fazer tanto com tão pouco e de forma versátil me inspira e motiva. eu também tenho Dom Pedro II como um ícone, pois era um admirador das artes e amava o seu país e a nossa cultura.
Como você pesquisa e se prepara para criar miniaturas de figuras históricas?
Nem sempre uma figura era retratada com precisão em pinturas, por exemplo. É por isso que me aprofundo em diversas fontes para conciliar e cruzar informações relevantes. Além de ler bastante sobre o assunto, gosto de analisar pinturas, fotografias (dependendo da época), réplicas de armas e armaduras e até trabalhos de outros artistas de confiança para me inspirar e chegar a um consenso para a criação.
Você pode compartilhar conosco o processo de criação de uma miniatura, desde a concepção até a finalização?
Começo pesquisando as roupas, acessórios e aparência da figura. Reúno todas as referências possíveis. Em seguida, estes são compartilhados com o modelador 3D para iniciar o processo de modelagem. Enquanto isso, poderão ocorrer ajustes na figura, acréscimos de detalhes, etc. A modelagem pode levar de um a dois meses, dependendo da complexidade. Este é o único processo feito fora do estúdio, com profissionais nacionais.
Com o modelo 3D em mãos, preparo-o no software e ajusto como será impresso pela máquina. Às vezes esse processo falha e tenho que reajustar e começar a impressão do zero. Após a impressão, o modelo é lavado para retirar o excesso de resina líquida, curado sob luz ultravioleta, e é aí que entra o preparo para a pintura: lixas de várias gramaturas, micro retífica, colas e massa. Deixo tudo secar bem para finalmente aplicar o primer com aerógrafo e depois o modelo fica secando por 24 horas. Esse processo é demorado e gosto de fazê-lo meticulosamente para garantir que a figura tenha a maior durabilidade possível e o melhor acabamento.
Finalmente, temos a pintura! Prefiro tintas acrílicas devido à sua flexibilidade e facilidade de uso em diversas técnicas. Também prefiro usar mais pincéis do que aerógrafo, pois me dá mais controle sobre a pintura. Lembra daquelas referências que reuni para modelagem? Trago-os de volta para a bancada, estudo as cores aplicadas, as técnicas para replicar diferentes materiais na figura (couro, metal, pêlos, pele, etc.), e também para me inspirar. Com a peça pronta, aplico uma camada de verniz e deixo secar por aproximadamente 24 horas antes de enviar ou expor. No final, para criar um modelo do zero, temos um tempo de produção de trinta a noventa dias. Após seu lançamento, o tempo de produção para venda varia de quinze a trinta dias.
Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao iniciar seu negócio de criação de miniaturas?
O principal desafio foi levar o projeto de figuras nacionais do conceito à visibilidade junto ao público. Ao apresentar meu projeto para modeladores, empresas do setor e potenciais patrocinadores, muitas vezes fui ignorado e não levado a sério. Um deles até respondeu: “O que o Brasil tem de interessante o suficiente para ser retratado em miniaturas?”
Então, juntei recursos próprios, montei gradativamente o estúdio, sempre com a filosofia de ter toda a cadeia produtiva feita no Brasil. Isso inclui modelagem, design, materiais e, claro, pintura! Outro aspecto desafiador é equilibrar o lado artístico com a administração do estúdio. Isso envolve gerenciamento de estoque, materiais institucionais, fluxo de caixa, atendimento ao cliente – em essência, é um negócio como qualquer outro, mas comigo cuidando de todas essas responsabilidades. Não é uma tarefa fácil, mas contei com o apoio inabalável de familiares, amigos e clientes que sempre confiaram no meu trabalho.
Como você comercializa suas miniaturas? Onde os clientes podem encontrá-los?
Comecei a vender pelo Instagram e ainda utilizo a plataforma como ferramenta de divulgação do meu trabalho, o que é fundamental: @miniaturasdojp. Porém, para adquirir uma figura, é feito através do site: www.miniaturasdojp.com.br. Lá você pode comprar diversos modelos, inclusive personalidades nacionais, com diversas opções de pagamento e frete!
Quais figuras históricas são as mais populares entre seus clientes?
As figuras mais populares são as da época do Império do Brasil e da Força Expedicionária Brasileira, além de bustos de diversos períodos históricos.
Você recebeu pedidos personalizados de miniaturas de figuras históricas? Você recebeu algum pedido particularmente incomum?
Recebo constantemente pedidos de figuras históricas personalizadas. Sempre deixo claro que os custos e o tempo de produção são maiores porque esses valores não fazem parte do catálogo disponível no site, e são projetos exclusivos do cliente.
Quanto a pedidos inusitados, recebi alguns! Muita gente acredita que por trabalhar com impressão 3D posso criar qualquer peça, mas gosto de ressaltar que só trabalho com personalidades históricas.
Como você decide quais figuras históricas incluir em sua linha de produtos?
A seleção das figuras ocorre por meio de duas frentes: uma é a lista que criei desde que iniciei o projeto, levando em consideração personalidades do Brasil pelas quais temos carinho e admiração, e a outra é através de solicitações recorrentes de clientes. Quando uma personalidade histórica é frequentemente solicitada nas redes sociais, avalio sua viabilidade e faço uma divulgação antecipada.
Você já teve a oportunidade de colaborar com museus ou instituições em exposições ou projetos relacionados?
Em 2022, tive a honra de ter meu trabalho exposto na sala Mascarenhas de Morais do 21º GAC – Grupo Monte Bastione. O quartel é um centro histórico e possui esta sala com objetos relacionados à atuação da FEB na Itália, e foi onde serviu o famoso Cabo Adão. Por isso, presenteei eles com uma estátua dele de 30 cm para ser exposta permanentemente. Também estarei presente na reabertura do Museu da Polícia Militar do Estado de São Paulo nos dias 9 e 10 de dezembro com minhas obras. A partir de 2024, a marca se expandirá ainda mais na promoção de projetos em diversas instituições.
Quais são os aspectos mais gratificantes da criação de miniaturas de figuras históricas?
Trata-se de eternizar e valorizar a nossa cultura e fazer com que os colecionadores a tenham em casa. Fico muito feliz quando eles me procuram e, após receberem as figuras, enviam fotos de como elas estão expostas em suas coleções.
Que conselho você daria a alguém interessado em iniciar um negócio semelhante?
Mantenha os pés no chão, sempre. Não importa quão boas sejam suas ideias, talentos e recursos, pense sempre de maneira centrada e de longo prazo.
Quais miniaturas de figuras históricas do Brasil são mais solicitadas pelos seus clientes?
As figuras mais requisitadas são Dom Pedro II (seja com busto, traje majestoso ou uniforme de almirante), o Voluntário da Pátria e o Cabo Adão, famoso pela frase nas munições de canhão, “A Cobra Está Fumando…”. Admito que são modelos com os quais os brasileiros se identificam e têm muito carinho pelo significado cultural que carregam.
Quais os planos para o futuro da marca Miniaturas do JP? O que você gostaria de anunciar como novidade para seus seguidores?
No futuro, quero reforçar a divulgação do meu trabalho junto de instituições, ou seja, locais que valorizam a nossa cultura e a nossa história. Quanto ao lançamento de novas miniaturas, fiquem atentos pois teremos o primeiro casal imperial do Brasil! Fiquem atentos!
Gostou da entrevista e quer apoiar o Miniaturas do JP? Você pode apoiar o projeto clicando aqui. Agradecemos a disponibilidade do João Pedro em participar da entrevista e desejamos sucesso em sua jornada!
Matheus Araújo
Matheus é empresário da Araujo Media, onde atua como CEO e Diretor de Criação. Ele compartilha análises em seu blog pessoal “matheusaraujo.me” e atualmente faz graduação em Publicidade e Propaganda. Além disso, tem paixão por História, principalmente pela História do Brasil, o que o levou a se tornar o fundador e editor do portal Brazilian History.
