Alberto Nepomuceno (1864-1920), maestro e compositor brasileiro, nasceu em Fortaleza, capital do Ceará. Seus pais eram Vitor Augusto Nepomuceno e Maria Virgínia de Oliveira Paiva. Começou a estudar música com o pai, que era violinista, organista, professor e mestre de capela na Catedral de Fortaleza. Em 1872, Nepomuceno e sua família mudaram-se para o Recife, onde começou a estudar piano e violino. Tornou-se um ferrenho defensor das causas republicanas e abolicionistas no Brasil.
Em 1885, uma série de canções em português de Nepomuceno estreou no Instituto Nacional de Música do Brasil. O concerto visava desafiar aqueles que acreditavam que o português não era adequado para o bel canto. À medida que as críticas se espalhavam, ele embarcou em uma batalha contra jornais e críticos musicais, lutando pelo nacionalismo na música clássica.
Na capital do Império, continuou seus estudos de piano no Beethoven Club, onde se apresentou ao lado de Arthur Napoleão e da Princesa Isabel. Pouco tempo depois, foi nomeado professor de piano do clube, que tinha Machado de Assis como bibliotecário. Machado de Assis, de quem se tornou um grande amigo, também escreveu letras para as obras musicais de Nepomuceno.
Tornou-se um ativo defensor das causas republicanas e abolicionistas em Pernambuco e no Ceará, participando de diversas campanhas. No entanto, ele não descuidou de suas atividades musicais. Aos dezoito anos, assumiu o cargo de maestro dos concertos do Clube Carlos Gomes, em Recife. Atuou também como violinista na estreia da ópera “Leonor” de Euclides Fonseca no Teatro Santa Isabel.
Ao voltar para o Ceará com a família, aliou-se a João Brígido e João Cordeiro, defensores do movimento abolicionista, passando a colaborar em vários jornais ligados à causa. Devido às suas atividades políticas, seu pedido de financiamento governamental para estudar na Europa foi negado.
No ano anterior à abolição da escravatura, compôs “Dança de Negros” (1887), uma das primeiras composições a incorporar motivos étnicos brasileiros. A primeira execução dessa obra, que mais tarde se tornou “Batuque” da “Série Brasileira”, foi apresentada pelo compositor no Ceará. Outras peças foram compostas no mesmo período, como “Mazurca”, “Une fleur”, “Ave Maria” e “Marcha fúnebre”.
Apesar de ser visto com desconfiança pela família imperial por suas posições políticas, Nepomuceno, por sua importância no cenário musical brasileiro, chegou a ser convidado pela princesa Isabel para tomar um chá no Paço Imperial.
Após o Golpe Republicano, Alberto Nepomuceno iniciou suas atividades no Instituto Nacional de Música como professor de órgão em 1894. Após a morte de Leopoldo Miguez em 1902, foi nomeado diretor.
A luta pela nacionalização da música erudita foi ampliada com o início de suas atividades na Associação de Concertos Populares, que dirigiu por dez anos (1896-1906), promovendo o reconhecimento dos compositores brasileiros. A pedido do Visconde de Taunay, restaurou diversas obras do compositor Padre José Maurício Nunes Garcia e apoiou compositores populares como Catulo da Paixão Cearense.
Um dos primeiros projetos iniciados por Nepomuceno foi a reforma do Hino Nacional Brasileiro e a regulamentação de sua execução pública. Mandou colocar no Instituto uma placa em homenagem a Francisco Manuel da Silva, com a inscrição: “Ao fundador do Conservatório e autor do Hino da sua Pátria”. Foi ainda nomeado diretor musical e maestro titular dos Concertos Sinfónicos da Exposição Nacional da Praia Vermelha, em comemoração do Centenário da Abertura dos Portos. Nesses concertos, apresentou pela primeira vez ao público brasileiro compositores europeus contemporâneos como Debussy, Roussel, Glazunov e Rimsky-Korsakov, além dos compositores brasileiros Carlos Gomes, Barrozo Neto, Leopoldo Miguez e Henrique Oswald.
Seu último concerto no Theatro Municipal ocorreu em 1917. Muito doente e debilitado, faleceu em 1920, aos 56 anos. De acordo com o artigo 34 da Lei 5 700 (01/09/1971), a Lei dos Símbolos Nacionais do Brasil, não é permitida a execução de qualquer arranjo vocal do Hino Nacional Brasileiro que não seja o de Alberto Nepomuceno.
Referência: Brazil Imperial – Artefatos e Imagens da História do Brasil no Período do Primeiro e do Segundo Reinado (1822-1889). O Mais Importante Compositor Cearense: Considerado o Pai do Nacionalismo na música Erudita Brasileira. Brasil, 06 de julho de 2023. Instagram: Brazil Imperial @Brazil_Imperial. Disponível em: Brazil Imperial on Instagram: “O Mais Importante Compositor Cearense: Considerado o Pai do Nacionalismo na música Erudita Brasileira. Alberto Nepomuceno (1864-1920) um…” Acesso em: 16 de julho de 2023.
Matheus Araújo
Matheus é empreendedor na Araujo Media, onde atua como CEO e Diretor de Criação. Ele compartilha análises em seu blog pessoal "blog.matheusaraujo.me" e atualmente está cursando Publicidade e Propaganda. Além disso, é apaixonado por história, em especial a do Brasil, o que o levou a se tornar fundador e editor do portal Brazilian History.