Em 15 de julho de 1889 Dom Pedro II sofreu uma tentativa de assassinato no Rio de Janeiro. Dom Pedro II, acompanhado da esposa, da filha e do neto mais velho, foi ao Teatro Sant'Anna, hoje conhecido como Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. Ao final da apresentação, bem depois da meia-noite, no meio da multidão, a Família Imperial se dirigiu para a saída. A princesa imperial ia à frente, seguida pelo imperador, que estava de braço dado com a imperatriz, e atrás deles o infante D. Pedro Augusto. Tudo ia bem até que os imperadores e príncipes chegaram ao vestíbulo, onde um súbito grito de “Viva a República!” entrou em erupção.

A tentativa de assassinato do imperador Dom Pedro II
Gravura no jornal francês Le Monde illustré sobre o atentado, em 21 de setembro de 1889, junto com um retrato de Adriano do Valle.

Dom Pedro II parou abruptamente e houve uma comoção. Um grande número de pessoas cercou o monarca, torcendo por ele e pelo império. Em meio ao tumulto generalizado, o imperador ordenou ao chefe de polícia que deixasse os jovens do grupo republicano em paz. A agitação acabou se espalhando pela rua e praça, mas os imperadores e príncipes conseguiram chegar à carruagem que os aguardava. Quando o ônibus passou em frente ao lotado café e restaurante Maison Moderne, repleto de jovens, ouviu-se o som de um tiro. O autor do ataque, um jovem português de 22 anos chamado Adriano Augusto do Vale, foi preso pela polícia horas depois.


A tentativa de assassinato do imperador Dom Pedro II
Atentado contra a vida do Imperador do Brasil, ocorrido na noite de 15 para 16 de julho de 1889 (revista portuguesa O Oeste, 11 de agosto de 1889).

Não só os brasileiros, inclusive os republicanos, acharam o ato chocante. Na França, o presidente Sadi Carnot, seu gabinete e integrantes do Instituto da França assistiram à missa que a embaixada brasileira organizou no dia 25 de julho em agradecimento pela vida do monarca. Da Inglaterra, a rainha Vitória mandou um telegrama de graças pela vida do “caro primo”. A princesa Dona Francisca, na França, expressou alívio pelo fato de o autor do atentado não ser brasileiro, e o presidente da Venezuela, Rojas Paúl, afirmava ao embaixador brasileiro que agradeceria aos céus por Adriano Augusto do Vale não ter nascido na América. Enquanto isso, o governo e a diplomacia de Portugal, bem como da colônia portuguesa no Brasil, mostravam apreço por Dom Pedro II. No entanto, ele pouco se importou com o ataque e não o aproveitou para si ou para a monarquia. O imperador afirmou que o tiro havia sido disparado por um louco e que o incidente não tinha importância.

A insignificância do caso era porque ele entendia que o jovem não passava de um louco, sem agenda e que agiu sozinho. Dom Pedro II era inteligente e honrado demais para se fazer de vítima e com isso cair nas graças da opinião publica e manter o trono.


Referência: Paulo Rezzutti – Escritor, biógrafo e pesquisador. Atentado contra o imperador. Brasil, 15 de julho de 2023. Instagram: Paulo Rezzutti @paulorezzutti. Disponível em: Paulo Rezzutti (@paulorezzutti) | Instagram. Acesso em: 16 de julho de 2023.

Matheus Araújo - Brazilian History
Matheus Araújo
Idealizador e Editor no Brazilian History | Local na rede Internet

Matheus é empresário da Araujo Media, onde atua como CEO e Diretor de Criação. Ele compartilha análises em seu blog pessoal “matheusaraujo.me” e atualmente faz graduação em Publicidade e Propaganda. Além disso, tem paixão por História, principalmente pela História do Brasil, o que o levou a se tornar o fundador e editor do portal Brazilian History.